Conflitos causados pela mineração cresce no Brasil
Em 2022 foram registrados 932 conflitos. Bacia do Piracicaba vive sob risco de rompimento de barragens, insegurança hídrica e econômica
O ano de 2022 viu o Brasil vivenciar um aumento surpreendente nos conflitos de mineração, com um total de 932 registrados, superando os 840 conflitos documentados no ano anterior.
Esses embates foram identificados em 792 localidades, marcando um aumento significativo de 22,9% em comparação com as 644 localidades observadas em 2021.
Os conflitos envolveram um número substancial de indivíduos, atingindo um número surpreendente de 688.573 pessoas, a maioria das quais eram comunidades indígenas e trabalhadores.
Investigação destacou casos de extrema violência associados a ambientes de mineração.
O Comitê Nacional de Defesa dos Territórios Contra a Mineração publicou recentemente um relatório com diversas estatísticas.
O objetivo é esclarecer as consequências ambientais e as violações de direitos que surgem das operações da mineração no país, particularmente à luz do relaxamento das regulamentações ambientais, dos planos de expansão das áreas de mineração e da promoção da mineração institucionalizada.
Em 2022, pelo menos 155.983 indígenas sofreram as consequências de conflitos relacionados com a mineração, participando em 141 incidentes, mais de metade (55%) dos quais em conflito com mineiros. No que diz respeito aos povos indígenas, as empresas mineiras internacionais são também as grandes responsáveis pelo desencadeamento da crise, estando envolvidas em 25,7% dos casos.
Os quilombolas estiveram no centro de 35 conflitos, com ao menos 49.268 pessoas impactadas por esse contexto, pelo cálculo do comitê. Outras vítimas das disputas por poder com essa característica foram ribeirinhos (15.879 pessoas), pescadores (6.498), extrativistas (4.241), posseiros (3.091), geraizeiros – Geraizeiro é um habitante tradicional que vive nos cerrados do norte de Minas Gerais, territórios conhecidos como Campos Gerais – (582) e camponeses de fundo de pasto – pequenos produtores rurais (904).
Ainda de acordo com o relatório, os grupos mais afetados pela mineração foram indígenas (15,1%), trabalhadores de comunidades tradicionais (12,1%) e população urbana (9,7%). Em seguida, vem a categoria de pequenos proprietários rurais (8,3%).
Ambição
A ambição em torno das extrações ilegais (ou legais – sic) de minérios –, em particular, os garimpos –, esteve por trás de 270 ocorrências, em 235 localidades de 22 estados, representando 29,1% dos casos documentados. O relatório aponta que os estados que mais concentram registros foram Pará (20,2%), Amazonas (19,9%), Minas Gerais (12,9%), Mato Grosso (12,5%) e Roraima (7,4%). Outro dado revela que os conflitos com disputa por terra e água totalizaram 590 e 284 ocorrências, respectivamente, no último ano analisado.
A investigação também destacou casos de extrema violência associados a ambientes de mineração. Foram registados um total de 45 mortes, 19 incidentes de trabalho análogo ao escravo, 7 incidentes de ameaças, 5 incidentes de ameaças de morte e 2 incidentes de trabalho infantil.
Minas Gerais
Em Minas Gerais, assim como em grande parte do Brasil, a mineração não respeita limites – financia políticos que eleitos criam leis que as beneficiam e aos poucos vai destruindo biomas, ambientes, comunidades tradicionais e diretamente afeta o que mais precioso existe – a água.
Mariana e Brumadinho
As duas cidades que aparecem na lista de vítimas de acidentes com barragens (na verdade são dezenas de cidades atingidas – e até hoje os responsáveis não foram julgados pelas mais de 300 mortes causadas), ainda sofrem com a morosidade da justiça e centenas de milhares de pessoas nas bacias hidrográficas do Rio Doce e do Paraopeba, aguardam ressarcimento de danos sofridos.
Enquanto isso parte considerável d população só consegue enxergar o lado imediato da questão econômica, esquecendo o futuro nada promissor que restará após o fim dessa indústria insustentável.
Maceió
Agora, o Brasil e o mundo assistem atônitos o afundamento de grande parte da turística e maravilhosa capital do estado de Alagoas, Maceió.
Mais de 50 mil famílias tiveram que deixar suas casas e comércios. Dezenas de escolas, igrejas, hospitais e um grande parte do patrimônio histórico da cidade foram condenados. Tudo devido a irresponsabilidade da empresa Braskem, sob conivência das autoridades, que, na busca infinita por ganhos financeiros, praticam uma mineração destrutiva, insustentável.
Até onde tudo isso vai?