Conhecendo e discutindo as mudanças climáticas
- Águas e mudanças climáticas - Cláudio Guerra
- Dindão
- 02/12/2024
- 0
- 5190
- 5 minutos
Sem dúvidas que a iniciativa de realizar a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, (CNMA) precedida por Conferências Municipais e Estaduais por todo o país, é uma oportunidade importante para a sociedade brasileira conhecer, discutir e apresentar alternativas viáveis sobre a emergência climática. E mais: divulgar o conceito de mudanças climáticas e ouvir a população sobre as novas políticas públicas que estão sendo definidas no país alinhadas com os objetivos globais. A culminância da 5ª CNMA será a realização da 30ª Conferência do Clima, em dezembro em Belém (PA), que vai mostrar o Brasil para o mundo.
Mesmo que muito atrasado, o Governo Federal vai atualizar o PNMC (Plano Nacional de Mudanças Climáticas) criado em 2016, listando problemas e potencialidades, priorizando os diferentes planos de ações e estratégias considerando, por exemplo, os vários biomas e a maioria da população vivendo no litoral brasileiro. Desta forma, eles sofrem diferentes tipos de impactos, sendo necessário encontrar as melhores soluções dentro de uma visão global e regional para os diferentes setores da economia, levando-se em conta que os impactos atingirão as regiões (e suas populações) de forma desigual.
O PNMC é obrigado a definir os planos setoriais de mitigação e adaptação às mudanças climáticas (no curto e médio prazo) como também suas metas de redução dos GEE´s (Gases de Efeito Estufa). E mais: todo plano deverá ser atualizado a cada 5 anos. Somente assim, com compromissos assumidos por escrito, é possível fazer um acompanhamento transparente.
Outra questão colocada: o Brasil, como todos os países, precisa reduzir seus investimentos em combustíveis fósseis (gasolina, óleo diesel, exploração de petróleo) e redirecioná-los para a economia verde (transição energética).
Na 29ª Conferência do Clima, realizada em novembro de 2024 em Baku, no Azerbaijão, o Brasil apresentou sua meta: reduzir 67% das emissões de GEE`s até o ano de 2035, tendo como referência as emissões de 2005. Não dá para ser otimista quanto a esses números uma vez que não existe um acompanhamento ou fiscalização por parte, por exemplo, da ONU, quanto à sua veracidade. Atingir tais metas é um grande desafio, principalmente em um país de dimensões continentais e enormes diferenças regionais como o nosso.
Aqui vale lembrar um dado preocupante: em 2022, os 5 países mais poluidores do planeta eram a China, Estados Unidos, Índia, Rússia e o Brasil. No nosso caso, 75% das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) foram devido ao desmatamento (redução estoques de carbono) e às queimadas da Amazônia e do Cerrado.
Além disso, o documento PLATAFORMA ADAPTA BRASIL mostra que metade dos municípios brasileiros tem vulnerabilidade alta ou muito alta diante de desastres chamados geo-hidrológicos, como inundações, enxurradas e deslizamentos de terra. E quase um a cada quatro municípios tem vulnerabilidade alta ou muito alta a secas.
Portanto, o que precisamos é de uma convocação para uma mobilização da sociedade brasileira no esforço de combate às mudanças climáticas, o que na verdade se tornou uma oportunidade para firmar um compromisso com esta e as próximas gerações. Concluindo, conforme colocado na Cúpula do G20, no Rio de janeiro, em novembro de 2024, a crise climática está intimamente relacionada com a questão da pobreza e das desigualdades sociais. Os países em desenvolvimento e aqueles pobres acusam o modelo econômico dos países ricos como o grande responsável pelo cenário complexo e ameaçador em que vivemos hoje. Já os países ricos aceitam o papel de “doadores” de parte da conta, mas não toda ela e que os “países receptores” também são responsáveis pelo cenário atual e precisam pagar uma parcela menor da conta para reduzir as emissões dos GEE´s.
* Claudio B. Guerra é consultor ambiental na bacia do Rio Doce nos últimos 30 anos. Fez o mestrado em recursos hídricos pelo UNESCO Institute for Water Education, em Delft, na Holanda.
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo.