Elas chegaram e é preciso se preparar

 Elas chegaram e é preciso se preparar

Mais uma coluna que merece reprise, afinal, os mesmos acontecimentos se repetem, ano a ano, porque não podemos reproduzir as “boas falas”?

Como diz o ditado “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, quem sabe a gente falando, falando, repetindo, batendo na cabeça das pessoas, elas não começam a conhecer o problema, entender as causas e consequências e aprender como é prática a solução.

Então, vamos chover no molhado…

Chovendo no molhado

Desde o início de novembro chuvas intensas e localizadas vêm causando transtornos em diversas cidades pelo mundo afora.

O que aconteceu em Valência, na Espanha, pode acontecer em qualquer lugar, como já aconteceu, em Portugal, Itália e até no deserto do Saara.

Exaustivamente temos escrito sobre a causa das enchentes, deslizamentos de terra e inundações que atingem toda população durante o período de chuvas – geralmente de novembro a fevereiro.

Seja direta ou indiretamente, ao final, todos acabam pagando o preço pelo descaso que é também de todos. Descaso com as questões ambientais.

Esse descaso ambiental no causa, ano a ano, dor, sofrimento, prejuízos e são tão simples de serem resolvidos: Ao invés de gastar recursos para limpar – basta não sujar; e não sujar é apenas questão de educação – não se gasta nada – nem mesmo esforço.

Começando a chover

Nesse início de temporada das águas, as cidades de Alvinópolis, Barão de Cocais, Coronel Fabriciano e Ipatinga, já foram atingidas, de alguma forma, por eventos da natureza – seja chuva torrencial ou vendaval – ou ainda tudo junto, mas por enquanto, as demais estão sendo presenteadas com aquela chuva que molha, infiltra, abastece os lençóis freáticos, recuperam nascentes e os cursos d´água.

Lembrando que chuva não causa problemas, o que causa problemas é a falta de cuidado com o nosso meio, fazendo tudo para que, quando ela chegue, não encontre local adequado para se deitar.

Novo normal

Bom lembrar que estamos vivendo agora um novo normal e o que acontecia de 5 em 5 anos, de 10 em 10 anos, agora pode se repetir várias vezes num mesmo período – ou seja, vários eventos extremos em um período de 4 meses.

A maioria absoluta das cidades não estão preparadas para o que pode vir por aí, mas precisam urgentemente dar um basta, dar uma guinda total e mesmo com atrasos, iniciar uma mudança de hábitos e promover ações para minimizar os impactos, antes que tragédias e ou catástrofes ocorram – vide “Valência”.

É preciso que toda sociedade se envolva nessa missão, já que é ela que sofre as consequências da inércia – e comece a participar ativamente na solução do problema.

Soluções não faltam e a natureza dá a dica.

Preservar ou recuperar – vamos nos preparar?

A cada ano, a cena se repete com a chegada do verão. Fortes chuvas em diferentes partes do país provocam cheias dos rios, alagamentos nas cidades, deslizamentos de encostas e, com isso, mortes, pessoas desalojadas ou desabrigadas, infraestrutura destruída e grandes prejuízos financeiros.

Mas, afinal, o que é possível fazer para evitar ou minimizar novos episódios? Na verdade, não existe resposta pronta, cada caso é um caso, mas a conservação dos ecossistemas naturais é fundamental na mitigação dos impactos dos fenômenos climáticos extremos, que já são cada vez mais frequentes.

Diferentes cidades do mundo já desenvolvem projetos que consideram a implantação, manutenção e recuperação de áreas verdes em pontos estratégicos para criar um sistema natural capaz de absorver a água da chuva, filtrar sedimentos do solo e até reduzir custos com saneamento básico e melhorar a saúde pública.

Cidades esponjas

Um dos melhores exemplos nesse sentido são as cidades-esponjas da China, que utilizam soluções naturais para drenar a água das áreas urbanas e não coletar e jogar tudo rapidamente nos rios.

A ideia é simples: quanto mais cobertura vegetal uma cidade possui, maior a capacidade de drenar a água da chuva e reduzir o impacto das enchentes. Parques alagáveis, jardins de chuva, calçamentos permeáveis, telhados verdes, hortas comunitárias e praças-piscinas são algumas das estratégias que também já são usadas com sucesso no Brasil. O Parque Barigui, em Curitiba, é um exemplo de como é necessário respeitar os cursos d’água para evitar problemas sérios, gerando, inclusive, benefícios para a qualidade de vida da população. Ao preservar e restaurar ecossistemas naturais, além de buscar inspiração em soluções ancestrais, é possível reduzir o uso de infraestrutura cinza, diminuindo ainda custos para o poder público.

Micro barraginhas e berçário

Uma outra solução muito simples para recuperação de áreas degradas é a criação de micro barraginhas e berçários para mudas de árvores.

Essa tecnologia supersimples vem transformando desertos e regiões áridas em florestas e ou áreas agricultáveis.

Ela não requer altos investimentos, equipamentos e nem conhecimentos técnicos para implantação – basta uma enxada, mão de obra e visão de futuro.

Ela consiste em pequenas cavas de cerca de 60 a 80 centímetros de comprimento, por 50 de largura e profundidade e o material retirado dessa cava é acondicionado na frente dela, no sentido contrário de onde corre as águas. Ainda nesse local de acondicionamento do material retirado é feito o berço para receber uma muda de árvore.

O grande propósito dessa técnica é reter água o máximo que puder. Como são feitas centenas e milhares delas no terreno, a ação promove uma grande retenção de água, levando a mesma para o subsolo, reabastecendo os lenções freáticos e garantido hidratação às mudas recém plantadas que com pouco tempo iniciam a reconstituição do ecossistema.

Margens dos rios

Outra estratégia das mais importantes para reduzir os efeitos das enchentes é a proteção das margens dos rios, que são consideradas “Áreas de Preservação Permanente (APP)” de acordo com Código Florestal Brasileiro. A definição das faixas mínimas a serem protegidas visa garantir que as funções gerais dessas áreas sejam minimamente resguardadas, tanto no espaço rural quanto no urbano.

 

Fruto do crescimento desordenado das cidades, a redução das APPs amplia os efeitos das enchentes e deixa a população mais exposta a prejuízos e tragédias.

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Dindão Dindão

Dindão

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