Saíra-de-chapéu-preto e sua “prima” à beira da extinção
- Aves do Piracicaba - João Sérgio
- Dindão
- 31/10/2024
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Caros amigos leitores, esse mês trazemos mais novidades.
É a primeira vez que duas espécies protagonizam o “Aves do Piracicaba” e é a primeira vez que vamos falar de uma espécie que não ocorre na bacia.
Nas bordas de matas e capoeiras de toda bacia do Piracicaba podemos encontrar uma pequena, graciosa e irrequieta ave conhecida popularmente como saíra-de-chapéu-preto ou saíra-olho-de-peixe (como era conhecida na zona da mata há muitas décadas, conforme nos contou o amigo Tavinho Moura).
“Nemosia pileata” é seu nome científico, e o nome científico, fazendo uma analogia grosseira, é como se fosse o nome e o sobrenome da ave, só que de trás pra frente, ou seja, o sobrenome fica na frente do nome. Então, “Nemosia” seria o “sobrenome” (gênero) e “pileata“, o “nome” (espécie). De forma que espécies que têm o mesmo gênero são como se fossem parentes bem próximos.
Dito isso, o gênero da saíra-de-chapéu-preto, “Nemosia”, abarca somente outra espécie (há gêneros que possuem dezenas de espécies, como o gênero “Buteo“, que abarca gaviões de todo mundo).
Essa outra “Nemosia“, “prima de primeiro grau” da nossa saíra-de-chapéu-preto, é uma das aves mais ameaçadas do mundo, infelizmente.
Sua população é estimada em cerca de somente vinte aves, seu futuro é temerosamente incerto.
“Nemosia rourei” é o nome científico dessa “prima” ameaçada e seu nome popular, saíra-apunhalada, faz menção à beleza sui generis de sua plumagem.
Uma curiosidade nada favorável sobre a saíra-apunhalada é que elas são aves de bando, e em vez de se separarem em casais para se reproduzirem, como é de praxe entre as aves, todo bando (5 a 6 aves) acaba cuidando dos filhotes de um só ninho, o que diminui consideravelmente a taxa de reprodução dessa espécie, haja vista que cada ninhada é composta de somente dois filhotes.
As aves do gênero “Nemosia” são pequenas, bastante agitadas e vivem na copa das árvores, tais características tornam seu registro um desafio, ainda mais quando uma delas é uma das aves mais raras do mundo.
Foram duas viagens à região serrana capixaba, último refúgio da saíra-apunhalada, para conseguir um registro que fizesse jus à beleza da espécie e que, com muito prazer, agora compartilho aqui com vocês.
Bem amigos, as queimadas que destruíram grande parte do nosso país na última temporada de seca levantam um alerta sobre nossa capacidade de autodestruição. Precisamos preservar a natureza, pois preservando a vida que nos rodeia, preservaremos a nossa própria espécie.
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