Para 91% dos brasileiros, aquecimento global é um problema grave e alteração no clima é notável, revela pesquisa
Aumento da temperatura, redução de chuvas e seca nos rios são alterações recorrentes, aponta estudo da CNI. Percepção sobre gravidade do aquecimento global cresceu de 2022 para 2023
Da redação: Se durante o dia o calor está insuportável, a noite a coisa se complica quando chega a hora de dormir. O ventilador sopra um ar quente e o uso do ar-condicionado, além de aumentar a conta de energia e trazer alguns malefícios respiratórios, complica ainda mais a questão climática, já que o equipamento é um grande poluidor e contribui ainda mais para o agravamento da crise climática – efeito cascata.
Mas quem dera o problema causado pelo aquecimento global ficasse apenas no âmbito das sensações: mal-estar, sudorese, noites mal dormidas etc.
As consequências dessa “ebulição global”, novo termo utilizado por cientistas, vai desde o aumento da proliferação de insetos que transmitem as mais diversas doenças à interferência na produção de alimentos – seja por falta de chuvas em algumas regiões e ou excesso em outras.
Os preços da energia sobem, o que por si só provoca o aumento do custo de toda cadeia produtiva; os alimentos encarecem, aumentam a incidência de doenças, o custo de vida vai às alturas, a desigualdade social dispara provocando o aumento da violência. Enfim, a vida, que diante a evolução deveria ser melhor, fica cada dia muito mais difícil e sofrida – para todos, que, de uma forma ou de outra, direta ou indiretamente, são parte da construção desse caos anunciado.
A percepção dos brasileiros
Os brasileiros têm percebido no dia a dia as mudanças climáticas nos últimos anos. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em dezembro revela que 91% dos brasileiros notaram alguma alteração na temperatura ou no clima. No cenário nacional, as respostas mais comuns são aumento de temperatura (92%), menos chuvas (66%) e rios mais secos (55%).
Os resultados mudam de acordo com as regiões. No Norte e Centro-Oeste, a redução das chuvas foi percebida por 90% dos entrevistados e a seca nos rios, por 76%. No Sul, por outro lado, 76% apontaram aumento de chuvas e 69% transbordamento de rios.
De modo geral, os brasileiros estão preocupados com as mudanças climáticas. Para 91% o aquecimento global é um problema grave, acima dos 86% que avaliaram o problema desta maneira em 2022. A maioria (61%) acredita que essa é uma questão imediata, que deve ser combatida urgentemente. A percepção, no entanto, é menor (53%) na faixa de 16 a 24 anos.
Mudança de hábitos
“Os dados recentes sobre as mudanças climáticas confirmam a importância de acelerarmos as ações voltadas à adaptação e à redução dos impactos de secas, enchentes, ondas de calor e frio intensos e outros fenômenos extremos, que vêm causando enormes prejuízos sociais e econômicos em todo o mundo”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.
“A necessidade de transição para uma economia de baixo carbono, que esteja alinhada com a contenção do aumento da temperatura do planeta dentro da meta do Acordo de Paris é urgente. As mudanças climáticas têm afetado cada vez mais a vida das pessoas e é de interesse coletivo a promoção de um sistema produtivo mais sustentável”, complementa.
Ameaças ambientais e soluções
A preocupação dos brasileiros também se reflete na avaliação das ações ambientais no país. Para 55%, a conservação do meio ambiente no país é ruim ou péssima e 51% consideram o meio ambiente menos conservado em comparação a outros países.
O desmatamento florestal é visto como a maior ameaça ambiental atual para o Brasil (apontada por 38%), uma queda em relação a 2022 (46%). Em seguida, são citadas mudanças climáticas/aquecimento global (23%) e fumaça e emissão de gases poluentes (22%).
Quanto às prioridades para conservação ambiental, 30% responderam tratamento de água e esgoto, seguido por combate ao aquecimento global/mudanças climáticas (27%) e ao desmatamento (25%). No ano passado, o combate ao desmatamento era o primeiro da lista de prioridades apontadas pela população.
Expectativas sobre redução de emissões
Também há divergências sobre a expectativa de o Brasil atingir a meta de redução da emissão de gases do efeito estufa: 17% creem que o país atingirá a meta, 37% que não atingirá e 36% acreditam que ela será parcialmente cumprida. O Brasil se comprometeu, junto com os demais países integrantes da COP a reduzir 48% das emissões desses gases até 2025 e 53% até 2030.
Ainda sobre o futuro, 80% acham possível combinar crescimento econômico com proteção do meio ambiente e 61% veem o Brasil como protagonista na economia verde. Os impactos da descarbonização da economia mais citados foram surgimento de novas tecnologias (73%), melhoria da qualidade de vida (68%) e melhores produtos disponíveis no mercado (67%).
“O Brasil tem uma grande vantagem comparativa diante de outros países, mas precisamos trabalhar muito para que esta vantagem se torne vantagem competitiva na transição energética. Assim, poderemos ampliar a matriz preponderantemente de fontes renováveis e a possibilidade de exportar energia. O Brasil tem a oportunidade de ser líder mundial da nova economia verde”, afirma Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI.
Fonte: Um Só Planeta
Da redação: ”A mudança de comportamento do cidadão e a relação de consumo é fator primordial para iniciarmos uma ação efetiva para mudarmos o quadro que se pinta no horizonte próximo. Ou reduzimos o consumo de bens supérfluos, reduzindo com isso a pressão na extração de matéria prima e a redução na geração de resíduos ou continuaremos marchando em direção a um sofrimento cada vez maior, sendo “noites mau dormidas” o menor dos males”.