Ondas de calor. Que sufoco!!
- Águas e mudanças climáticas - Cláudio Guerra
- admin
- 04/12/2023
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“Apesar de sabermos de tudo que está acontecendo, as emissões de gases aumentam todos os anos. A humanidade sabe que isso está acontecendo e as emissões não só não diminuem como aumentam. O ser humano está caminhando para a catástrofe conscientemente” (Luciana Gatti, pesquisadora INPE, no G1, novembro 2023)
As ondas de calor intenso estão ocorrendo com mais frequência e de forma mais duradoura, nas 4 estações do ano. Mas este não é um problema regional ou nacional. Elas também estão ocorrendo nos Estados Unidos, Europa, China e Ásia, mostrando um cenário de instabilidade e incerteza dos padrões climáticos naturais.
Segundo o INMET (Instituo Nacional de Metereologia: www. portal. inmet.gov.br), uma onda de calor ocorre quando as temperaturas se elevam de 3 a 5 graus acima da média anual e por um período de 3 a 5 dias.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), criada pela ONU em 1950, indica que os anos de 2016, 2019 e 2020 foram aqueles mais quentes já registrados globalmente e que desde 1980, cada década tem sido mais quente que a anterior
Organizações de comprovadas competência e credibilidade como IPCC, OMS, OMM e o Copernicus (Serviço de Monitoramento Climático da União Européia) são unânimes em afirmar que estas são demonstrações claras dos efeitos diretos das mudanças climáticas.
Segundo estimativas e projeções do Copernicus, 2023 deverá ser o ano mais quente em 125 mil anos!
Infelizmente, a tendência é de que “estes eventos continuarão crescendo em intensidade e o mundo precisa se preparar para ondas de calor mais intensas”.
Um dado preocupante é que o número de ondas de calor simultâneas no hemisfério norte multiplicou por seis desde os anos 1980. Esta tendência não mostra nenhum sinal de queda. O clima extremo resultante do aquecimento global está “infelizmente, se tornando o novo normal” (OMM).
Por outro lado, a OMS alerta para o fato de que estas ondas de calor, que estão se tornando mais frequentes, mais intensas e duradouras, criam um stress térmico que, combinado com esforço físico e desidratação, aumentam o risco de doenças cardiovasculares, respiratórias e renais (as populações pobres são as mais atingidas, principalmente as crianças e os idosos)
No caso do Brasil, dados do INMET, do CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), do OBSERVATÓRIO DO CLIMA ( www.oeco.org.br) mostraram que nos meses de julho, agosto e setembro e outubro de 2023 tivemos temperaturas bem acima da média.
O calor intenso é resultado da combinação de contínuas emissões dos gases do efeito estufa com a ocorrência do fenômeno natural chamado de El Niño, que aquece as águas superficiais no leste do Oceano Pacífico. A conseqüência é a proliferação de fenômenos extremos: a maior seca da história da região amazônica e chuvas torrenciais e inundações no sul do país.
Concluindo, o Prêmio Nobel de Economia, de 2001, Prof. Josefh Stiglitiz, declarou, recentemente, no Programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, que “hoje, falar de economia não é mais importante do que falar em Mudanças Climáticas. O planeta está derretendo”
* Claudio B. Guerra é consultor ambiental na bacia do Rio Doce nos últimos 30 anos. Fez o mestrado em recursos hídricos no UNESCO Institute for Waters Education, em Delft, na Holanda.