Cidades precisam se preparar para estação das chuvas
Com as mudanças climáticas, temporada pode trazer eventos extremos e merecem mais atenção do poder público e população
Ao longo do tempo, nossa cultura no trato com as questões climáticas que nos afetam, não muda. Seja na época da seca com as queimadas destruindo nosso meio ambiente ou na época das chuvas, com as águas lavando o solo nu e causando enchentes entre outras tragédias.
E o ciclo se repete – no caso da temporada das chuvas que se inicia agora, entra ano e sai ano e é a mesma coisa: Deslizamentos de encostas; inundações de ruas pela lama vindas de loteamentos e áreas descobertas e enchentes atingindo centenas e ou milhares de pessoas.
Continuando a reprise – vem a população lamentando a perda de seus bens, criticando as autoridades pela falta de investimento em prevenções e o poder público investindo recursos públicos para socorrer e posteriormente amenizar as perdas dos atingidos. Enfim – enxugando gelo.
Eventos extremos
Apesar dos constantes alertas, dos incansáveis avisos e das notícias diárias sobre a transformação do clima, todos ao nosso redor parecem não perceber o risco que estamos correndo.
No início desse ano de 2022 tivemos inundações recordes – (1979 foi, até então, a pior cheia dos rios Piracicaba, Santa Bárbara e Doce).
Mas, mais que o recorde de inundação, a calamidade foi a prova de que a ciência não está enganada quando avisou: “eventos serão extremos e mais constantes”.
Portanto, podemos nos preparar para novas ocorrências desse porte.
Os avisos
O recente forte calor no hemisfério norte que levou a milhares de mortes no Canadá, França, Reino Unido entre outros países e causou incêndios gigantescos em toda Europa, Austrália e EUA, furacões, ciclones e tufões que arrasaram as Costas da América Central e EUA e os longos períodos de estiagem no Brasil são alguns dos sinais inequívocos das mudanças climáticas no cotidiano das cidades.
Diante desses acontecimentos é necessário que as cidades se preparem para essa temporada e já comecem a desenvolver seus planos de contingências – se já não o fizeram. (Veja ações e obras para redução de impacto das chuvas nas cidades nesta edição).
O prejuízo é de todos, mas os pobres sofrem mais
Eventos climáticos extremos causam impactos socioeconômicos significativos. A OMM (Organização Meteorológica Mundial) relata que o número de desastres relacionados ao clima aumentou cinco vezes nos últimos 50 anos, ceifando, em média, a vida de 115 pessoas (dia) e causando US$ 202 milhões (+ de R$1 bi) em perdas diárias (OMM, 2021).
À medida que a ciência de atribuição continua a melhorar, as evidências da ligação entre as mudanças climáticas induzidas pelo homem e os extremos observados, como ondas de calor, chuvas intensas e ciclones tropicais, se fortaleceram (IPCC 2021 – Intergovernmental Panel on Climate Chance ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas).
Embora os eventos climáticos extremos possam afetar qualquer pessoa, são as populações mais vulneráveis do mundo, particularmente aquelas que vivem na pobreza e comunidades marginalizadas, que sofrem mais.
As cidades se tornaram as primeiras a responder às mudanças climáticas porque são responsáveis por até 70% das emissões causadas pelo homem e seus bairros e sistemas de infraestrutura crítica são frequentemente altamente vulneráveis. Atualmente, elas abrigam 55% da população global, cerca de 4,2 bilhões de pessoas, e o número de moradores urbanos deve aumentar para 68% até 2050 (Nações Unidas, 2019). Portanto, agora é a hora de integrar adaptação e mitigação, juntamente com o desenvolvimento sustentável, no ambiente urbano sempre dinâmico.
(Confira outras informações sobre o tema neste portal).