Tiê-de-bando, um líder nato no mato

Texto e fotos: João Sérgio

Hoje vamos falar de mais uma daquelas espécies que dependem da mata para sobreviver, tanto que, na nossa bacia, só temos registros (pouquíssimos) em remanescentes florestais preservados nos municípios de Mariana, Jaguaraçu e Marliéria (fonte: wikiaves.com.br).

O tiê-de-bando (Habia rubica) é uma belíssima espécie florestal e tem esse nome devido ao costume de frequentar bandos mistos, sendo a espécie nuclear dos mesmos. Explico, algumas espécies de aves que geralmente vivem solitárias ou aos casais se congregam em bandos com outras espécies (por isso chamados de “mistos”) para se proteger de eventuais predadores e tornar a busca por alimento mais eficaz. Ao se deslocarem na mata, geralmente seus componentes se revezam, ficando sempre alguém de sentinela, enquanto o bando forrageia.

O tiê-de-bando atua na formação e manutenção desses agrupamentos, por isso é considerado uma espécie nuclear de bandos mistos. É sempre um grande prazer encontrar bandos mistos na Natureza!

Bem, caros amigos leitores, vocês já se perguntaram como são escolhidas as espécies que ilustram a coluna “Aves do Piracicaba”? A resposta é simples: termos boas fotografias, para que as espécies sejam apresentadas da melhor maneira possível.

No caso dessa incrível espécie, hoje ela só ilustra nossa coluna graças a uma iniciativa que deveria ganhar um prêmio de desenvolvimento sustentável. Peço licença para apresentá-la, em breves linhas.

O maior trecho preservado da Mata Atlântica encontra-se ao sul de SP, na região conhecida como vale do Ribeira. É uma região onde a Natureza atrai ecoturistas, não só do Brasil, como de todo mundo.

Só consegui essas fotos do tiê-de-bando graças a existência do turismo voltado à observação de aves, que não só preserva a floresta, como também propicia condições (comedouros, bebedouros etc) para que consigamos fotografar espécies esquivas, dificílimas de fazer boas fotografias.

O tiê-de-bando (que vive embrenhado nos recônditos mais escuros da mata fechada) foi um desses casos, dos mais festejados!

A Trilha dos Tucanos, verdadeiramente um “paraíso das aves”, já é conhecida mundialmente! Quando lá cheguei, no feriado de Corpus Christi, eu e minha família éramos os únicos hóspedes brasileiros. Um grupo de alemães (pagando em euros) lotava todas as acomodações. A Trilha dos Tucanos é um “case” de sucesso que deveria se espalhar pelo nosso país.

Desde 2016 visito o local, que não para de crescer, focando sempre na preservação, pois sem a Natureza preservada, o negócio quebra.

Ecoturismo

Bem pessoal, é consenso mundial que a saída para a preservação, não só da Natureza, como da nossa própria espécie, é o desenvolvimento sustentável. E o ecoturismo (que tem como uma de suas maiores vertentes, a observação de aves) é um dos melhores caminhos para alcançarmos essa meta urgente, inadiável.

Na nossa bacia temos vários lugares com grande potencial para investimentos nessa área, como por exemplo o entorno de verdadeiros tesouros de nossa biodiversidade: Parque Estadual do Rio Doce, Parque Nacional Serra do Gandarela, RPPN Caraça, Estação Ecológica de Peti, entre tantos outros.

Precisamos somente de investidores com visão e comprometidos com o bem estar de todos e das futuras gerações.

tp

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