Água – sabendo usar, nunca vai faltar

Presidente do legislativo são-gonçalense, vereador Diego Ribeiro, fala sobre meio ambiente, sustentabilidade e segurança hídrica.

São Gonçalo do Rio Abaixo, assim como inúmeras cidades da região, vem enfrentando há anos problemas com a água. Por ironia, nos dois extremos a água causa problemas – seja por excesso – causando enchentes e ou por sua escassez causando secas severas.

Sabemos também que uma situação tem relação com a outra. O desmatamento das cabeceiras, das matas ciliares, além de não contribuir com a absorção das águas das chuvas que abastecem os lençóis freáticos alimentando as nascentes, ainda carreiam material para os leitos dos cursos dágua, causando o assoreamento dos mesmos e potencializando as enchentes na época das chuvas.

Para complicar anda mais essa situação, São Gonçalo se apresenta como uma cidade muito susceptível às situações dos barramentos de rejeito de minério – hoje verdadeiras bombas relógios. Lembrando que existem 4 estruturas de barramentos com problemas acima do Rio Santa Bárbara, o que coloca a cidade na rota da insegurança.

Desde 2021, a Câmara Municipal de São Gonçalo, sob sua gestão, vem acompanhando de perto a situação das barragens, dos movimentos de segurança para os cidadãos e agora mais recente sobre a questão das enchentes. Além disso, tem se empenhado em contribuir com a administração no que diz respeito às ações ambientais que o executivo vem apresentando.

Acompanhando o trabalho e sabendo do envolvimento com as causas ambientais do vereador Diego Ribeiro, hoje presidente do legislativo, a Voz do Rio promoveu uma entrevista com o jovem, mas, mas atualizado político:

• O que levou esse vereador a se envolver nos temas ambientais?

Atualmente, é impossível não se preocupar com os assuntos acerca do meio ambiente, tendo em vista as mudanças climáticas que têm afetado cada vez mais o mundo inteiro. Considerando São Gonçalo do Rio Abaixo uma cidade mineradora, as pautas ambientais são ainda mais importantes, sendo um dever dos vereadores, assim como do Executivo e de toda a comunidade, a serem vigilantes com relação à preservação do meio ambiente, à sustentabilidade e à saúde pública.

• Foi esse tema uma bandeira de campanha?

Sim, eu propus trabalhar em políticas públicas em prol da sustentabilidade, principalmente por meio da criação de uma comunicação direta entre a Vale S/A e o Poder Legislativo, para que possamos levar as reivindicações da população à empresa, e debater variados temas de interesso público, incluindo a respeito da preservação do meio ambiente.

• Muitas Câmaras Municipais tem promovido ações relacionadas às questões ambientais. Existe algum projeto por parte dessa Casa?

Desde o ano passado, nós temos mantido um contato direto com alguns dos representantes da Vale S/A para tratar de algumas preocupações, entre elas, o meio ambiente. A ideia é nos reunirmos periodicamente para falar sobre o tema e entre outras solicitações da população. Em agosto de 2021, os membros da equipe de Relações Institucionais da Vale vieram à Câmara a meu convite, com objetivo de estreitar os laços entre a Vale, os vereadores e a comunidade. Alguns dos assuntos debatidos foram sobre a segurança das barragens, os simulados de evacuação e as sirenes. Nesse encontro, nós pedimos também esclarecimentos sobre o convênio de captação, tratamento e distribuição de água para o município. Desde então, eu tenho trabalhado para que essas reuniões com os representantes da Vale possam acontecer com mais frequência, especialmente com a realização de audiências públicas para que a população possa também participar.

Eu entrei com uma indicação que solicita a retomada do projeto “Cercar para não secar”, que visa à preservação das nascentes, e já temos a confirmação de que ele retornará este ano com mais eficiência e com mais recursos pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Além dessa, eu fiz a indicação que requer a adoção da técnica de subsolagem para recuperar as nascentes, evitar o assoreamento dos rios, melhorar a saúde dos solos e facilitar também a infiltração da água no solo (é uma técnica bastante utilizada pela Cenibra).

Também no ano passado, fizemos uma campanha virtual, nas redes sociais da Câmara, sobre o combate às queimadas no município. Infelizmente, essa é uma prática bastante comum principalmente nos meses de estiagem, o que provoca bastantes problemas à população, relacionados até mesmo à saúde. Como representantes do povo, é mais do que o nosso dever combater esse crime.

Além disso, por meio da nossa Escola do Legislativo Isabel Rodrigues, será possível também desenvolver projetos relacionados à conscientização da população sobre a preservação do meio ambiente na nossa cidade. Tendo uma melhora no cenário da pandemia da Covid-19, essa ideia poderá ser melhor executada a partir deste ano.

• Sobre o abastecimento de água na cidade: Teria alguma observação a fazer?

Assim como em outros municípios mineiros, a água está ficando escassa devido à poluição, ao aumento da população e ao desperdício. Sabemos também que o lençol freático está abaixando por causa da mineração, além da plantação de eucalipto, muito presente em nosso município, que “puxa” bastante água.

O nosso DAE conta com uma equipe competente para atender à população da melhor forma possível, mas a água de boa qualidade, que vem da Mina Brucutu, está diminuindo, sendo um problema enfrentado pelo DAE. A água vem por gravidade até o trevo próximo à BR-381, onde é bombeada ao Bairro Patrimônio, em que se localiza o DAE.

A Prefeitura Municipal, junto ao Legislativo, já tem trabalhado para resolver o problema relacionado ao abastecimento da água. Um projeto desenvolvido de grande importância é o “Cercar para não Secar” e, como disse, ele voltará a ser colocado em prática este ano, tendo sido uma de minhas indicações. Porém, a população precisa também fazer a sua parte. Por isso, é importante desenvolver campanhas de conscientização contra o desperdício, incentivando o povo a adotar pequenas atitudes no cotidiano que fazem uma grande diferença, como banhos menos demorados e a reutilização da água nos afazeres domésticos.

• Sobre a situação das barragens, teria alguma observação?

A situação das barragens é uma preocupação constante, que aumentou ainda mais após as tragédias em Bento Rodrigues, em Mariana, e em Brumadinho. Nós, os vereadores, estamos sempre atentos à segurança das barragens, especialmente a de Laranjeiras, que integra a Mina de Brucutu e ao PAEBM (Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração). Como mencionei anteriormente, em 2021, nós nos reunimos com os representantes da Vale S/A para discutir principalmente esse assunto. Nós questionamos também sobre as sirenes que, até então, não eram ouvidas em certos pontos da cidade durante os testes que acontecem aqui mensalmente. Sendo assim, nós solicitamos melhorias nos simulados e nas sirenes, mas é claro que o ideal é que uma situação real de emergência jamais aconteça.

Desde então, nós estamos sempre em contato com os membros competentes da mineradora para tratar sobretudo da situação das barragens.

• No final do ano passado a Câmara Municipal de João Monlevade sediou o 1º Fórum das Águas, que discutiu a situação da Microbacia do Córrego dos Coelhos, curso dágua que fica na divisa dos municípios de Monlevade e São Gonçalo e que esse presidente participou. Como você avalia o evento?

A realização desse evento foi de uma enorme importância para expor os problemas e debater em conjunto, com lideranças de ambos os municípios, soluções com relação à Microbacia do Córrego dos Coelhos. Foi uma honra poder participar desse fórum, e acredito que os seus resultados contribuirão significativamente na promoção de ações que visem à preservação.

Eventos como esse devem acontecer com mais frequência, abrangendo também mais municípios da região, pois a conversação e recuperação das águas são uma preocupação geral. Além disso, é necessária uma grande participação da população, pois estamos lidando com um problema que afeta a todos, incluindo as nossas gerações futuras. Suponho também que muitos ainda não têm conhecimento sobre a gravidade do problema. Então, o diálogo é o melhor caminho para chegarmos a soluções eficazes junto à conscientização.

• Saberia informar se em São Gonçalo existe situação semelhante que necessite de uma ação como esta?
Acredito que precisamos de mais ações voltadas à debater a poluição dos nossos rios, ocasionada não apenas pela mineração, mas também pelo esgoto. O município já tem trabalhado nas estações de tratamento de esgoto, sendo algo que requer uma atenção muito especial.

Outra situação é referente à preservação das nascentes. Como disse, o município tem o projeto “Cercar para não secar” para esse fim, mas precisamos ainda promover uma maior conscientização da população, principalmente com relação às queimadas, como também mencionei. Acredito que um fórum como este realizado na Câmara Municipal de João Monlevade seria de imensa utilidade para debatermos juntos os nossos problemas atuais sobre o meio ambiente.

Sobre o apoio que tem dado à administração nos projetos ambientais enviados à Casa, como você avalia isso?

Os projetos encaminhados à Câmara Municipal, de autoria do Executivo, são extremamente necessários para a preservação ambiental e da conscientização cidadã em São Gonçalo do Rio Abaixo. No ano passado, por exemplo, aprovamos o projeto de lei que cria o Parque Ecológico do Peti, que visa especialmente a esses fins, além de promover o ecoturismo em nossa cidade.

Além disso, a proteção ao meio ambiente e a sustentabilidade têm sido prioridades na revisão do plano diretor do município, sendo algo proposto pelo Executivo e Legislativo municipais, além de ser uma demanda da própria população. Afinal, as pautas ambientais são uma tendência que deve seguida para que possamos garantir um futuro melhor às nossas gerações seguintes.

Considerações finais: Agradeço pela oportunidade em falar sobre este tema tão atual e necessário em nossa sociedade. A Câmara Municipal de São Gonçalo do Rio Abaixo estará sempre à disposição para receber e discutir propostas de políticas públicas em prol da preservação ambiental e da promoção da sustentabilidade.

tp

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