Água – sabendo usar, nunca vai faltar
Entrevista com o presidente do legislativo monlevadense, Gustavo Maciel
João Monlevade vem enfrentando há anos um problema crônico no abastecimento de água.
A falta de investimentos no sistema no setor – tanto nas estruturas de captação, produção e distribuição, somadas ao aumento populacional, às circunstâncias ambientais que vivemos atualmente com o Aquecimento Global e a falta de racionalidade da população no uso desse bem, vem causando na cidade constantes desabastecimento – afetando centenas de moradias mensalmente.
Vale ressaltar que em 2000 a produção do DAE se apresentava superior à produção de 2020, o que demonstra que durante esses 20 anos, mesmo com o aumento populacional, não houve melhorias no sistema.
Na mesma toada, segundo a atual gestão do DAE, a bem da verdade, a produção atual, diante o número de usuários, atenderia tranquilamente à demanda. Entretanto dois fatores interferem negativamente fazendo com que essa conta não feche. Um é justamente a falta de investimento na distribuição, com redes antigas, arcaicas, causando considerável desperdício do produto durante o trajeto ETA – Consumidor e outro é também o mau uso do produto – que diante do valor baixo, é literalmente jogado fora, sendo usado para lavar calçadas, terreiros, carros entre outros usos não nobres.
Cientes do envolvimento desse vereador, hoje presidente do legislativo monlevadense, com as causas ambientais,
principalmente na questão hídrica, na busca de alternativas e ainda participando dos eventos na busca por revitalização nos recursos hídricos da cidade, perguntamos:
O que levou esse vereador a se envolver no tema recursos hídricos?
A água é sem dúvida um dos recursos mais preciosos que temos. Sempre tive a preocupação como cidadão, em preservar o recurso, adotando hábitos simples no dia a dia que possam contribuir para economizar água. Quando fui eleito percebi que posso fazer ainda mais e tenho buscado me envolver nestas discussões.
Foi esse tema uma bandeira de campanha?
O tema recursos hídricos estava entre as minhas prioridades, principalmente por ter passado, junto a minha família, problemas com a falta d’água. No condomínio onde moro, no bairro Campos Elísios, este problema era recorrente. Por diversas vezes nós moradores precisávamos locar caminhão pipa para encher as caixas. Agora estamos buscando outras alternativas, como a construção de um posto artesiano, que tem sido pauta recorrente nas reuniões de condomínio. Sei que este problema que enfrentamos ocorre em diversos pontos da cidade e por este motivo como parlamentar irei buscar formas com o intuito de sanar a situação.
Sobre o abastecimento na cidade: Teria alguma observação a fazer? Sugestões e curto, médio e longo prazo?
Aqui no município vejo que temos muito a fazer – a curto prazo somente mesmo através de campanhas educativas para o uso racional desse bem. A médio prazo iniciar uma revisão em todo sistema e a longo prazo é preciso investimento na ampliação do sistema de captação dá água com a construção de uma nova ETA, com uma captação alternativa à do Rio Santa Bárbara.
No final do ano passado a Câmara Municipal de João Monlevade sediou o 1º Fórum das Águas, que discutiu a situação da Microbacia do Córrego dos Coelhos, evento promovido pela Prefeitura, Dae e Legislativo. Posteriormente participou da entrega da “Carta de Intenções do Córrego dos Coelhos” ao prefeito. Como você avalia o evento?
Tivemos uma boa participação, com a presença dos presidentes dos Comitês das Bacias de Piracicaba e Rio Doce, bem como representante da ArcelorMittal, das universidades UFOP, UEMG, UNIFEI de Itabira e representantes do Legislativo e Executivo tanto de Monlevade quanto de São Gonçalo. As apresentações e as soluções apresentadas foram muito bem elaboradas. Agora temos que dar sequência ao trabalho definido durante aquele Fórum e registrado na Carta de Intenções, fazer a nossa parte, cobrar responsabilidades das demais partes envolvidas e fiscalizar para que o trabalho seja efetivo e consigamos reverter a situação daquela região, servindo de exemplo para as demais localidades da cidade.
O que você acha que precisa ser feito para a população se conscientizar sobre as questões hídricas?
As pessoas só prestam atenção na água quando ela falta. Penso que precisamos promover mais campanhas educativas e de conscientização, temos que literalmente martelar na cabeça das pessoas que é preciso ter cuidado com as águas – seja economizando, seja plantando árvores, seja não poluindo – existem inúmeras formas de contribuir e é preciso que todos entrem nessa corrente.
Considerações finais:
Como já dito, tenho a água como uma de minhas bandeiras, não política, mas de vida, pois como pai, penso nas gerações futuras, penso em como deixarei esse mundo para as gerações futuras. Será pior ou melhor que recebi? E a água é o princípio de tudo.