“Não olhe para o Rio”
População ignora alerta das autoridades e sofrem com atitude
O filme “Não olhe para cima”, que tem feito sucesso desde seu lançamento pelo Netiflix, tem muita relação com o comportamento das populações atingidas pelas enchentes em pelo menos quatro cidades da região da bacia hidrográfica do Piracicaba – São Gonçalo do Rio Abaixo; João Monlevade, Rio Piracicaba e Nova Era.
“Não olhe para cima” narra a trajetória de um professor de astronomia e sua aluna de doutorado que descobrem um cometa que colidirá com a Terra em pouco mais de seis meses causando um impacto que certamente acabará com a vida no planeta. O filme retrata a incapacidade das pessoas, sejam cidadãos comuns ou governantes, de reagir de maneira racional à emergência.
Mesmo diante a tentativa de avisar a população apresentando provas sobre o fato, a maioria se mostrava alheias às informações e quando o cometa começou a ser visto a “olho nu” nos céus das cidades, apareceram os “negacionistas” promovendo uma campanha para que as pessoas não olhassem para cima.
No final o cometa cai e destrói a vida na terra. E assim caminha a humanidade, indo sorrindo em direção à sua própria destruição.
Relação com as enchentes: População pagou por ignorar alerta das “Defesa Civil”
Assim como no filme, fato semelhante aconteceu na região quando, de posse das previsões meteorológicas e alertas da Defesa Civil Estadual e de diversos institutos de serviços de estudos climáticos e do tempo, as “Defesa Civil” dos municípios acima citados, dispararam, exaustivamente, diversos alertas à toda população, principalmente aos moradores das áreas de riscos destas cidades.
Esse periódico foi um dos que alertou às autoridades informando que o que havia acontecido na Bahia aconteceria em Minas também conforme todos os prognósticos.
Entretanto, apesar dos alertas, das informações, das solicitações para evacuação, a maioria dos moradores das áreas de risco não atenderam esses avisos e, muitos, dizendo serem conhecedores do comportamento do rio, permaneceram estáticos.
“Não olhe para o rio” – mesmo quando o rio começou a subir, as previsões mostravam mais chuvas, mesmo quando os serviços de alertas diziam que iria acontecer a inundação, mesmo após todas as evidências, as pessoas resistiam, duvidavam e permaneciam inertes ou apenas levantando móveis, pequenas movimentações.
Resultado – o rio subiu muito mais que esperado e quando os moradores viram que as águas atingiriam suas casas, iniciaram um frenesi para tentar salvar alguns pertences, Entretanto, como a inundação atinge grande número de casas ao mesmo tempo, fica praticamente impossível o resgate de bens materiais, fazendo com que a Defesa Civil priorizasse o resgate das pessoas.
Risco – O fato da população resistir, no final, acaba colocando todos em situação de risco, pois o resgate feito em meio ao tumulto pode provocar acidentes diante a situação que já se apresenta caótica.
Graças ao planejamento e preparação das “Defesa Civil” destas cidades, apenas em São Gonçalo foi registrado uma fatalidade devido à queda de barranco, que acabou tirando a vida de uma criança, nas demais cidades o prejuízo foi apenas material, mas, destacando que a grande maioria da população atingida perdeu praticamente todos os pertences.
Novos tempos pedem mudança de cultura
O aviso já está dado há algum tempo. Daqui pra frente os eventos meteorológicos serão cada vez mais extremos e mais frequentes, portanto está passando da hora de toda população começar a incutir a cultura da obediência aos alertas dos serviços de proteção à vida – ou seja, Defesa Civil.
Bom lembrar que além do clima que se encontra extremo devido ao aquecimento global, no caso da Bacia do Rio Piracicaba convivemos ainda com mais de 70 barragens de rejeito de minério, sendo que algumas delas em alerta máximo de rompimento nível 3, outras em níveis 2 e 1 e muitas sequer contam com fiscalizações confiáveis.