O raro Pica-pau-dourado-grande

Uma das aves mais raras do planeta ainda resiste na Bacia do Piracicaba

Texto: Marcelo Vasconcelos / João Sérgio – Fotos: João Sérgio

Na ampla faixa ocupada originalmente pela Mata Atlântica, as florestas de baixa altitude foram as que mais sofreram devastação devido, principalmente, à facilidade de ocupação pela população humana. Ao contrário, as íngremes ladeiras das Serras do Mar e da Mantiqueira, assim como encostas do Espinhaço, são as áreas onde mais se vê cobertura florestal neste domínio.

Assim, espécies da fauna e da flora restritas às florestas de baixada da Mata Atlântica são geralmente mais raras do que aquelas que vivem em regiões serranas. Este é o caso do pica-pau-dourado-grande (Piculus polyzonus), uma das aves mais ameaçadas da Mata Atlântica que vive em florestas bem preservadas, geralmente abaixo de 400 m de altitude.

Distribuído originalmente nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a espécie já desapareceu de muitas áreas devido aos desmatamentos, não sendo registrada no último estado há pelo menos três décadas. Por este motivo, é considerada como espécie “em perigo” de extinção no Brasil. Em Minas Gerais, é conhecido em apenas duas Unidades de Conservação: O Parque Nacional do Caparaó e o Parque Estadual do Rio Doce.

Neste último foram feitos os registros que ilustram essa coluna, numa expedição realizada por nosso fotógrafo, em julho do corrente ano.

Apesar de ser uma espécie muito tímida, arisca e de buscar refúgio nas sombras das altas copas dos remanescentes florestais onde ainda sobrevive, conseguimos bons registros que revelam muito de sua beleza, do “dourado” que figura em seu nome popular, ao requinte de seus olhos azuis, passando pelas minúcias de sua bela plumagem.

Conseguir um registro desse raríssimo e arredio pica-pau já é um grande feito, mas o sucesso dessa expedição superou nossas melhores expectativas, pois não só conseguimos apresentar aos caríssimos leitores a beleza dessa espécie sensacional, como conseguimos também o registro do casal (o macho diferencia-se principalmente pela presença de um topete vermelho).

Este registro reforça a importância do Parque Estadual do Rio Doce para a conservação de várias espécies da Mata Atlântica de baixada no estado de Minas Gerais e em todo o planeta.

tp

Related post