Fórum das Águas envolve comunidade
Preocupação com recursos hídricos é destaque em abertura do 1º Fórum das Águas.
Evento ocorreu no dia 19 de novembro e discutiu situação da Microbacia do Córrego dos Coelhos.
Especialistas ambientais, produtores rurais, educadores e políticos discutiram no dia 19 de novembro a situação da Microbacia do Córrego dos Coelhos, durante a realização do 1º Fórum das Águas. O evento foi sediado pela Câmara Municipal de João Monlevade e transmitido ao vivo pelo canal do Legislativo no Youtube.
A Microbacia do Córrego dos Coelhos abrange uma área aproximada de oito quilômetros quadrados entre os municípios de João Monlevade e São Gonçalo do Rio Abaixo. Cerca de dez mil pessoas residem nos nove bairros localizados na região somente pelo lado de João Monlevade.
Dividido em dois blocos – manhã e tarde, o destaque da primeira parte do Fórum foi a preocupação da administração do prefeito de João Monlevade, Dr. Laércio Ribeiro, em investimentos e ações de preservação do meio ambiente. O vice-prefeito, Fabrício Lopes, participou da abertura do Fórum e pontuou sobre a questão. Ele, ao comentar sobre a Microbacia do Córrego dos Coelhos, enfatizou que “no governo Laércio e Fabrício, a preocupação com o meio ambiente é total”. Também elogiou a participação dos presentes no debate e destacou que a administração está lisonjeada e honrada em poder participar das discussões. “Talvez muitos de nós não vamos colher os frutos, mas vamos deixar este legado e transformar vidas futuras. Somos parceiros da comunidade para unirmos forças e manter a qualidade de vida numa bacia tão importante”, ponderou.
O vereador Thiago Titó, autor das denúncias de assoreamento e destruição da mata ciliar do Córrego dos Coelhos, ressaltou que após visitar o local para constatar as reclamações ficou assustado com a situação. “O rio Santa Bárbara vem sofrendo com a falta de cuidado ao longo dos anos. Esse fator, infelizmente, contribuiu para que no futuro tenhamos uma má qualidade da água consumida. A água é fonte de vida e merece total atenção neste caso”, falou.
Morador da região, o parlamentar Rael Alves sugeriu que seja feito um levantamento para recuperar as nascentes que estão na região do Córrego dos Coelhos. Ele também mencionou a importância em incentivar os proprietários onde há cursos dágua para que façam o cercamento e plantio de vegetação para a proteção das nascentes.
Já o presidente da Câmara, Gustavo Maciel, destacou que a crise hídrica é pauta recorrente. Para ele, a participação da sociedade é essencial na discussão do tema. Em relação à Microbacia do Córrego dos Coelhos, Maciel disse que é imprescindível a busca de recursos para a proteção do curso dágua. “Vamos construir juntos um projeto para captar os investimentos necessários”, disse.
Palestrantes
A manhã do Fórum das Águas também foi marcada por palestras. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio Piracicaba, engenheiro Jorge Martins Borges, abriu os trabalhos com contextualização do atual cenário ambiental, com ênfase na produção de lixo, consumo de água e a necessidade de alimentação humana. Ele destacou a importância do envolvimento de todos nas discussões da questão e resolução dos problemas. Borges também instigou o público a pensar sobre “qual rio nós temos, qual queremos e qual podemos ter”.
Representando a Unifei, o engenheiro florestal e professor doutor, Gláucio Marques, foi enfático em falar que “a crise hídrica é um mal que precisamos combater”. Ele destacou ainda a necessidade de se cuidar dos solos, com plantio de vegetações, possibilitando que as águas corram com tranquilidade e não sejam agredidas como tem sido no mundo todo. “Não podemos tapar nossos olhos para estes problemas. Para proteger nossas águas temos que proteger nossas florestas e começar a reflorestar onde perdemos essa cobertura”, pontuou.
Pela UEMG Monlevade, o professor Rafael Moraes comentou sobre a importância do uso de dados de georeferenciamento para planejamento mais efetivo de recuperação das bacias hidrográficas. Conforme explicou o educador, os dados possibilitam ações mais planejadas e com melhor resultado.
Também presente ao evento, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH Doce), Flamínio Guerra, destacou investimentos na recuperação da Microbacia do Córrego dos Coelhos. Segundo ele, o CBH vai desenvolver um projeto de saneamento em benefício da localidade. “Temos outros investimentos para a bacia, foi publicado edital para contratar uma empresa que dará andamento ao projeto Rio Vivo, que consiste no cercamento de nascentes, saneamento rural e controle de sedimentos [barraginhas e caixas secas] em 17 propriedades que estão no entorno da microbacia. Vamos atuar a partir de 2022. É o dinheiro da cobrança pelo uso das águas retornando para os municípios”, destacou.
Já o engenheiro ambiental e sanitarista da Agência de Águas do Rio Doce (Agedoce), Heverton Rocha, citou a mineração como um dos fatores que provoca maiores impactos ambientais, mas enfatizou ainda que o esgoto é o grande poluente das águas. “Apenas 23% de todo esgoto da Bacia do Rio Doce é tratado”, informando da necessidade urgente de reverter o quadro e, ao falar do evento, colocou a agência à disposição para apoio aos projetos sanitários para a microbacia.
Por fim, o assessor de Comunicação da Prefeitura de João Monlevade, Geraldo Magela Dindão, destacou a importância da mobilização de toda a população para a recuperação da Microbacia do Córrego dos Coelhos. “O problema é sério e complexo mas a solução é simples, passa pelo reflorestamento. É preciso ter árvores, que fazem segurar o mineral mais precioso que temos que é a água. O Córrego dos Coelhos nasce puro e o desafio é que ele também chegue puro na foz do rio Santa Bárbara. Só vamos conseguir sucesso se mobilizarmos toda a população neste tema. Se queremos salvar o rio Doce, o rio Piracicaba, temos que salvar o fio d água”, finalizou.