Alvinópolenses se unem para criar parque ecológico
Não por questão de modismo, mas por necessidade e em busca de qualidade de vida que um grupo de ambientalistas alvinopolenses estão se unindo para recuperarem uma área degrada que margeia a sede do município e que fica praticamente ao lado do também icônico cemitério da cidade, criando o Parque Ecológico do Carimbó.
Para falar sobre o tema oTribuna do Piracicaba – A Voz do Rio conversou com Marcos Martino, um dos voluntários do projeto Parque Ecológico do Carimbó. Ele nos fala sobre essa ideia que projeta Alvinópolis como município que dá passos decisivos no caminho da sustentabilidade.
A Voz do Rio – Como surgiu a ideia da criação do Parque Ecológico do Carimbó?
MARCOS MARTINO – A primeira vez que ouvi falar sobre a ideia, foi através do artista e ambientalista Carlinhos Crepalde. Ele me apresentou um projeto ainda na fase inicial, que já delineava as ideias principais. Como todo mineiro, fiquei meio cético em princípio. Mas Carlinhos é bom pra ouvir e é persistente. Ele foi aperfeiçoando o projeto, juntando gente competente e as pessoas foram comprando a ideia do Parque.
A Voz do Rio – E quem está por trás desse projeto?
MARCOS MARTINO – Alvinópolis tem hoje uma bela geração de ambientalistas e pessoas de muita sensibilidade. Outras pessoas importantes se aproximaram. Foi o caso do Deputado Gustavo Santana que apaixonou pelo projeto e está engajado para que aconteça. Os vereadores Elmo e Bidão também abraçaram a ideia. É importante destacar que a Câmara, com um todo, está também abraçando a proposta, mediante a aprovação de leis que já estão facilitando a criação do parque. A própria prefeitura recentemente criou condições para alteração do estados da secretaria do meio ambiante e do conselho do meio ambiente (Codema), além da criação de fundo próprio. A Secretaria de Ação Social e Secretaria de Desenvolvimento e Meio Ambiente Sustentável têm realizado ações de apoio à criação do parque. Maurosan, Ronaldo e equipe tem sido muito receptivos. No comércio local tem muita gente ajudando também, a mídia, só positividade.
A Voz do Rio – e sobre essa área do CARIMBÓ? Qual a história do local?
MARCOS MARTINO – Trata-se de uma área de mais ou menos 7 hectares que pertenciam ao saudoso Zé Batista, uma região que tem nascentes e mata nativa, que fica dentro dos limites da sede do município, logo atrás do cemitério e próximo à Vila Manoel Puig. Na área tem uma quadra, hoje desativada, já foi até zona boêmia no passado, tá sempre sofrendo invasões e queimadas. A criação do parque vai ser oportunidade de reverter o quadro e dotar a cidade de uma área maravilhosa. Tem um texto do Alfred, poeta e ambientalista da cidade que resume bem…”Este projeto refere-se a defesa ambiental para recuperação de uma área degradada localizada no interior de um Loteamento denominado Carimbó no município de Alvinopólis – MG. Foi realizada uma caracterização ambiental local identificando o clima, relevo, solo e recursos hídricos local. Também foi feita uma pesquisa referente à vegetação local e regional para assim elaborar uma lista de espécies arbóreas nativas a serem utilizadas no plano de recuperação. Na pesquisa in loco foi providenciado um diagnostico na área a ser reflorestada identificando o perímetro e área a recuperar, espécies arbóreas ocorrentes, e qual seria a proposta mais adequada para promover a recuperação dessa área.”
A Voz do Rio – nós assistimos o vídeo de apresentação do projeto. Muito legal. Mas será daquele jeito mesmo? Não tá em desconformidade com o relevo da área?
Marcos Martino – O vídeo tem o papel de dar uma prévia do sonho. A computação gráfica contempla os principais equipamentos que são o lago, o ginásio e as benfeitorias. Depois que passarmos por essa fase de regularização é que teremos a delimitação exata da área. Assim que tivermos as medidas exatas vamos adaptar a partir das dimensões e do projeto estrutural. Quando tivermos isso definido, faremos um vídeo atualizado.
A Voz do Rio – Nós demos uma pesquisada nas redes sociais e percebemos que o projeto não é uma unanimidade, que alguns acham que não deveria ser prioridade. O que vocês diriam a respeito?
Marcos Martino – No meu ver, uma pauta não pode cancelar a outra. Claro que existem prioridades, saúde e outras obras públicas, mas não podemos deixar de investir em cultura, patrimônio histórico e em meio ambiente, mesmo porque investindo em meio ambiente estamos investindo em saúde, em qualidade de vida. Além do mais, o pessoal do projeto vai buscar verbas fora, recursos carimbados para o projeto.
A Voz do Rio – O que o projeto vai trazer de benefícios ambientais?
Marcos Martino – Em primeiro lugar a recuperação da área degradada, dos recursos hídricos, das nascentes na região, depois na revegetação, no viveiro que já começamos a planejar. Na integração, nas atividades que haverão no espaço, na cultura que vai gerar e já está gerando. Mas o projeto não para por aí. O principal legado é a conscientização ambiental, a inserção do assunto na pauta do dia, que esperamos, se expanda por todo o município.
A Voz do Rio – Em que fase está o projeto? Com quais prazos vocês trabalham? Já teve aportes?
Marcos Martino – O projeto está numa fase agora de legalização da área, de buscar o memorial e fazer os ajustes necessários para regularização. É uma fase que leva um certo tempo.Já temos alguns aportes sim, que serão muito importantes. Enquanto aguardamos a papelada, já estamos cuidando do projeto estrutural, pensando no viveiro e em outros projetos paralelos pra manter o assunto quente nos corações e mentes.
A Voz do Rio – Alvinópolis tem uma situação ambiental tranquila hoje?
Marcos Martino – Olha, Alvinópolis sempre foi uma cidade verde, tanto que um de seus principais grupos musicais se chamava VERDE TERRA, em homenagem a todo esse verde da paisagem. Mas como em toda cidade, tem seus problemas. Muitas vezes o verde não é de mata, mas pastagem. Como avanço da atividade humana, basta observar pelo satélite e a gente vê claramente que desmatamos muito. Mas o município hoje tem a sorte de contar com uma boa geração de ambientalistas, pessoas que trabalham voluntariamente para minorar os problemas decorrentes do consumo desenfreado. A ideia é mudar a cultura para um modelo sustentável.