Monlevade corre risco de colapso hídrico

Monlevade corre risco de sofrer colapso no abastecimento de água. Situação pede união urgente dos poderes constituídos para evitar catástrofe.

A Vale comunicou no dia 19 de fevereiro, que, juntamente com a Defesa Civil Estadual, faria a remoção de mais famílias da ZAS (Zona de Auto Salvamento) da Barragem Norte Laranjeiras da Mina de Brucutu em Barão de Cocais, após o MPMG detectar que a área afetada pode ser muito maior que a levantada anteriormente.

Com essa remoção, o número de famílias removidas por risco de rompimento de barragens da Vale, em Barão de Cocais e São Gonçalo do Rio Abaixo, aproximam de 500 – ou mais de 2 mil pessoas.

Três barragens ameaçam populações em Zona de Auto Salvamento – sendo elas Barragem Sul Superior – Mina de Gongo Soco – em Nível 3 (Risco iminente de rompimento), Barragem Sul Inferior – Mina de Gongo Soco – Nível 2 e Barragem Norte Laranjeiras – Mina de Brucutu – Nível 2.

Todas as três barragens, além de ameaçar as populações das comunidades – já removidas – caso ocorra rompimento, deixará um rastro de destruição e causará a evacuação de milhares de pessoas em várias cidades – principalmente em Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.

Rio Santa Bárbara – Bacia Hidrográfica do Piracicaba

Todas as três barragens citadas se encontram locadas na micro bacia do Rio Santa Bárbara.
O Rio Santa Bárbara é o responsável pelo abastecimento de mais de 90% da população de João Monlevade, onde o DAE coleta água.
Após passar pela ETA Pacas, em Monlevade, o Santa Bárbara segue até Capela Branca, comunidade de Bela Vista de Minas, onde deságua no Piracicaba – esse, por sua vez, segue passando por Nova Era – chega a Antônio Dias onde fornece água para o abastecimento humano e chega ao Vale do Aço, onde é o responsável pela alimentação dos 27 poços artesianos que são responsáveis pelo abastecimento de água de cerca de 500 mil pessoas.

Medidas mitigadoras

Diante os riscos que as barragens tem colocado as populações a jusante, diversas cidades já se mobilizaram e cobraram dos responsáveis – no caso a Mineradora Vale – para que a mesma promova ações de mitigação, planejamento e emergenciais para que, caso ocorra um rompimento, estas não venham a sofrer com a falta de abastecimento, já que esses rompimentos são uma realidade – visto que comunidades inteiras já foram removidas.

Importante destacar que as vizinhas cidades de Itabira está recebendo aportes de mais de R$160 milhões para a construção de um novo sistema de captação de água, São Gonçalo do Rio Abaixo também está sendo apoiada na construção de uma nova ETA e a Região Metropolitana do Vale do Aço, após chamamento e negociações, está recebendo apoio para o desenvolvimento de estudos para elaboração de um “Plano B” no caso de uma emergência para um colapso hídrico.

Dormindo com o perigo

Enquanto isso João Monlevade assiste a essa situação passivamente – sem esboçar um movimento propositivo diante um caos hídrico avistado no horizonte próximo.

Segundo especialistas a cidade está literalmente “Dormindo com o perigo”, podendo acordar de uma hora pra outra sem água.

Acreditar nas considerações tranquilizadoras apresentas pelas mineradoras não é uma opção viável – já que em dois momentos recentes – com laudos garantindo segurança de suas estruturas, assistiu-se o colapso das mesmas o que causou duas tragédias, com cerca de 300 vidas perdidas e dois rios destruídos pela lama da irresponsabilidade.

Proposição

Iniciar uma recuperação de todos recursos hídricos do município, implantando ETEs nas micro bacias do Jacuí, Boa Vista, Carneirinhos e Barraginha; promover a recuperação das centenas de nascentes do município e implantar o Conceito de Cidade Esponja, retendo o máximo das águas da chuva no território – abastecendo os lenções freáticos e aquíferos que existir e reativar todo o sistema hídrico natural da cidade são sugestões a considerar.

Câmara se mobiliza

Diante das denúncias feitas pelo Tribuna do Piracicaba – A Voz do Rio, a Câmara Municipal de João Monlevade, através de seu presidente, vereador Gustavo Maciel, iniciou uma mobilização para buscar soluções diante a situação.

tp

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