Novas tragédias a vista

Minas tem 42 barragens em nível de emergência com risco de repetição de catástrofes

Passados cinco anos do rompimento da barragem em Mariana e quase exatos dois anos da tragédia similar em Brumadinho, com centenas de mortos e um impacto ambiental sem precedentes, aparentemente nem a Vale S.A., outras mineradoras nem as autoridades brasileiras parecem ter aprendido algo com os terríveis ocorridos: há atualmente 47 barragens em estado de emergência no país, com novas tragédias em vias de acontecer a qualquer momento, e pouco ou nenhum esforço sendo realmente aplicado para a resolução de tais problemas em potencial.

É isso que revela o novo relatório semanal da Agência de Mineração (ANM), publicado no último dia 11 de janeiro. Das 47 barragens apontadas, 42 estão em Minas Gerais, e 30 destas são administradas pela Vale S.A., mesma empresa responsável pelo crime de Brumadinho, ocorrido em 25 de janeiro de 2019 e ceifando a vida de 259 pessoas, e também ligada à tragédia de Mariana, que se deu em 5 de novembro de 2015 com 18 mortos e o maior impacto ambiental da história do Brasil.

Segundo o relatório, três barragens estão em nível três de emergência: B3/B4, da Minerações Brasileiras Reunidas, em Nova Lima, e a Forquilha III, em Ouro Preto, e Sul Superior, em Barão dos Cocais, ambas administradas pela Vale – esses três casos mais graves são todos em Minas Gerais. As outras barragens apontadas como em situação de risco estão no Amapá (2), Mato Grosso (4), Pará (1), Goiás (1) e Rio Grande do Sul (1) – ao todo, segundo o relatório, as barragens apontadas como de “risco médio” somam 58 – com 28 em Mato Grosso e 8 em Minas Gerais – e as de “risco baixo”, são 326 no total.

E a formulação das novas tragédias que poderão acontecer ganha um componente ainda mais cruel diante de uma informação complementar que oferece a medida do descaso com as tragédias, o ambiente e a vida: segundo dados, a ANM, responsável por regular as atividades de minério no Brasil, terá uma redução de 24% em seu orçamento para 2021. Em 2020 eram R$ 90 milhões, e para o ano que começa serão R$ 68 milhões – apesar da necessidade da contratação de mais técnicos para justamente tornar possível a fiscalização correta.

tp

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