Assim como o rio: Aves em risco de extinção

Texto e fotos: João Sérgio

Caríssimos leitores, nesta edição resolvemos fazer uma retrospectiva reapresentando as aves mais ameaçadas de extinção, por ordem de risco, da bacia do Piracicaba.

Assim como o Piracicaba, que corre o risco de deixar de ser perene, caso não sejam tomadas medidas emergentes e urgentes, inúmeras aves também podem desaparecer.

Quando se mata um rio, já mataram as árvores, as montanhas, as aves. Todos estão ligados. Precisamos retomar o equilíbrio urgente.

1 – Mutum-do-sudeste

A ave mais ameaçada da bacia do Piracicaba, originalmente o mutum-do-sudeste ou mutum-de-bico-vermelho (Crax blumenbachii) habitava a Mata Atlântica do sul da Bahia até o Rio de Janeiro, porém, com a destruição desenfreada do seu bioma, aliado à caça ilegal, essa bela ave extinguiu-se em quase toda sua área de ocorrência, e, atualmente, encontra-se globalmente em perigo de extinção, conforme levantamento realizado pela respeitada IUNC (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais).

Alguns projetos visando sua reintrodução na Natureza, em locais onde fora extinto, como em Minas e no Rio de Janeiro, foram realizados.

Em 1.999 um desses projetos foi implementado na bacia do castigado Piracicaba, mais especificamente na Estação Ambiental de Peti, em São Gonçalo do Rio Abaixo. Inicialmente 7 casais foram soltos na área, porém, dez anos depois, somente 3 fêmeas eram avistadas.

É que para sobreviver, o mutum-do-sudeste necessita de matas primárias, ou seja, florestas que o homem ainda não explorou.

Papagaio-de-peito-roxo

Uma das espécies mais ameaçadas de extinção que ocorre na bacia do rio Piracicaba, o papagaio-de-peito-roxo.

O papagaio-de-peito-roxo está na categoria “em perigo” de extinção, sendo uma das espécies mais ameaçadas que podemos encontrar na nossa região. As causas de seu desaparecimento são mais uma vez a caça e a destruição do seu habitat. Praticamente é a única espécie de papagaio que ocorre na bacia do rio Piracicaba, pois só temos o papagaio-moleiro que na nossa região se restringe ao interior das grandes florestas do Parque Estadual do Rio Doce, em Marliéria.

Águia Cinzenta

A águia-cinzenta (Urubitinga coronata), que com seus 3 kg de peso e 85 cm de comprimento é a maior e também a mais rara águia encontrada na nossa bacia hidrográfica.

Essa magnífica águia está em perigo de extinção (EN) devido principalmente à destruição do habitat, à caça ilegal e ao uso desregrado de pesticidas que acabam por contaminar suas presas e, por conseguinte, as próprias águias.

Para se ter uma ideia de quão rara e difícil é encontrar essa espécie, nas últimas estimativas havia cerca de 1.000 aves adultas distribuídas em toda sua área de ocorrência, que abrange o centro-sul do Brasil, além de países como Argentina, Bolívia e Uruguai (acredita-se que neste último país esteja provavelmente extinta).

Catatau

Conhecido na nossa região como Catatau (Sporophila frontalis), o Pixoxó ou Chanchão é o maior representante de um gênero que se destaca pela cantoria.

O canto do Catatau, que muitos comparam a um forte pulso elétrico, se destaca pela potência, sendo ouvido a grande distância. Tal talento, porém, fez o homem arcaico, aquele que não possuía o adiantamento e nem a tecnologia atuais, a aprisioná-los. A nefasta prática foi passando de geração em geração até que a extinção rondasse o Catatau.

Atualmente se encontra mundialmente vulnerável à extinção (VUL). No nosso estado encontra-se ainda mais ameaçado, na categoria “em perigo de extinção” (EN). 

 

Encontrar um Catatau na Natureza é tarefa difícil, pois fora a caça ilegal, a espécie vem perdendo seu habitat natural, principalmente as florestas que possuem grandes taquarais, de onde vem seu alimento preferido, o “arroz-de-taquara”.

Dindão

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