Crise hídrica bate à porta mais uma vez
Diminui as chuvas, aumentam as queimadas e a falta de água a cada dia se torna uma realidade.
Geral – Em 2017, moradores de pelo menos 88 municípios que têm concessão com a COPASA sofreram com a falta de água. Destes, dois entraram em situação de colapso, o racionamento foi uma realidade. Outros 63 municípios estiveram em iminente colapso, por isso, fizeram rodízio de fornecimento entre bairros e regiões e 23 apresentaram sérios problemas.
Em relação às cidades que têm sistemas de abastecimento autônomos, 50 tiveram racionamento e 13 fizeram rodízio para suportar o período seco.
Portanto, cerca de 151 municípios mineiros já enfrentaram problemas devido a crise hídrica há dois anos, ou seja, em 2017.
Naquele ano, os serviços de meteorologia faziam boas previsões para 2018, informando que, segundo os modelos de previsão, o período chuvoso seria consistente, com índices acima da média.
Entretanto essas previsões não se confirmaram em 2018 e esse ano, que havia esperanças de compensação, também não se tornaram realidade e diante da falta de chuva, bem abaixo da média até o momento, faz acender a luz amarela.
Os sinais estão no ar: por que o risco de crise da água é cada vez mais concreto.
Escassez hídrica
Enquanto os indicadores reforçam risco de nova crise hídrica no estado, onde sete bacias já tiveram decretadas escassez hídrica e contam com restrição para o uso de seus recursos, o Rio das Velhas só não entrou em colapso ainda devido a medida emergencial.
Sob o risco de racionamento a partir de março e há 134 dias sem chuvas significativas, Belo Horizonte e região metropolitana enfrentam uma ameaça de falta dágua que já paira sobre mais de 12% dos municípios em Minas Gerais.
A mancha da escassez de recursos hídricos abrange oficialmente 105 cidades, localizadas em sete bacias declaradas em situação crítica pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). Portarias do órgão determinam nesses casos medidas de redução do uso da água que vão de 20%, para abastecimento público, até 50%. Entre os mananciais com restrição está o Rio das Velhas, que abastece 64,2% da população da capital e 43,4% do aglomerado metropolitano.
Esse número de cidades com problemas pode aumentar, já que muitos ainda resistem confiando nas chuvas do período – entretanto elas podem não vir, como alertam os especialistas.
Bacia do Piracicaba
A crise hídrica já começa a afetar também a Bacia do Piracicaba. Tanto o Rio Piracicaba quanto um dos seus principais afluentes, o Santa Bárbara, a cada dia vem baixando o nível – baixo volume piora a qualidade das águas, já que a maioria das cidades não contam com tratamento do esgotamento sanitário.
Para piorar, no caso do Rio Santa Bárbara, a barragem do Peti teve seu reservatório baixado drasticamente devido ao risco de rompimento da Barragem Sul Superior da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais – com isso a vazão agora tem prejudicado o nível do rio – que abastece praticamente toda população de João Monlevade.
Em Itabira a crise no abastecimento já vem desde 2014 e investimentos estão sendo realizados na tentativa de evitar um colapso.
Em Rio Piracicaba a Copasa vem anunciando através de serviços de som volante sobre a necessidade de se economizar água, dando dicas de uso racional do produto.
Falta de água
Apesar do Brasil apresentar quase um quinto das reservas hídricas do mundo, a falta de água é uma realidade em várias regiões do país. Alguns estudos indicam que os episódios de falta de recursos hídricos devem se repetir nos próximos anos.
Causas
Existem várias causas para a falta de água no Brasil, as principais são:
Aumento do consumo de água – Apesar da água possuir capacidade de renovação, o seu consumo ainda é maior do que essa capacidade.
No Brasil, o aumento do consumo de água deve-se ao crescimento populacional, industrial e da agricultura.
Para se ter um exemplo, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), de cada cem litros de água consumidos, 72 são usados na irrigação agrícola.
Desperdício de água
Como vimos, grande parte do consumo de água no Brasil deve-se a irrigação na agricultura. Porém, o setor também é um dos maiores responsáveis pelo desperdício de água.
O desperdício também ocorre no cotidiano das pessoas, por exemplo: ao deixar torneiras abertas por muito tempo, banhos prolongados e vazamentos.
Diminuição do nível de chuvas
O desmatamento na floresta amazônica é também diretamente relacionado a falta de chuva no país. Mas qual é a relação entre a falta de chuvas e a Amazônia?
Isso ocorre devido ao fenômeno dinâmico dos “rios voadores” que leva umidade a várias regiões da América do Sul.
O processo ocorre da seguinte forma: O vapor de água formado nas águas tropicais do oceano Atlântico encontra-se e é alimentado pela umidade da floresta amazônica. Toda essa umidade atravessa a Amazônia até encontrar o paredão da Cordilheira dos Andes. Ali, uma parte da umidade transforma-se em chuva e alimenta nascentes de grandes rios, como o Rio Amazonas. A outra parte, é direcionada para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.
Portanto o fogo lá atinge e muito quem mora aqui.
Desmatamento
As constantes supressões de florestas em torno das nascentes também vem provocando a redução dos recursos hídricos nas regiões afetadas por estas ações. Árvores são responsáveis pelo controle do clima e pela absorção das águas – conduzindo-as até os lenções freáticos.
Regiões afetadas
A região Sudeste foi a mais afetada pela crise da falta de água em 2014 e 2015 e parece que deverá ser a mais afetada agora também.
Consequências
Entre as consequências da crise hídrica no Brasil estão: Redução da oferta de alimentos; 62% da energia do Brasil é gerada em usinas hidrelétricas – assim, a falta de água também compromete o fornecimento de energia elétrica; diminuição da oferta de água para a população; impactos na economia.
Soluções
Para enfrentar a escassez de água algumas atitudes devem ser adotadas. As ações envolvem o nível governamental, comunitário e individual. São elas:
Utilizar a água de maneira racional; Reuso da água; Reutilizar a água da chuva; Conservar as bacias hídricas, nascentes de água e rios e reflorestar os topos de morros, terrenos com aclive acentuados e matas ciliares.