Aves do Piracicaba: Bem-te-vi
- Aves do Piracicaba - João Sérgio
- tp
- 08/02/2022
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Versátil, comum e elegante: o nosso conhecido bem-te-vi.
Quem não conhece? Duvido que qualquer leitor nunca tenha ouvido seu característico canto onomatopeico durante o amanhecer (“bem-te-vi!”) ou nunca reparado na beleza desta ave de partes inferiores amarelo-enxofre e máscara negra.
O bem-te-vi apresenta uma ampla distribuição geográfica, ocorrendo do Sul dos Estados Unidos (Texas) ao centro da Argentina. No Brasil, pode ser registrado em todas as regiões.
É uma das aves mais comuns, sendo facilmente encontrada em cidades, vilas, fazendas e pomares. Uma das características que fazem do bem-te-vi uma espécie tão versátil é sua dieta diversificada, que inclui vários tipos de itens alimentares, a exemplo de insetos, frutos nativos e exóticos e, acreditem: pequenos vertebrados como lagartos, pererecas e até morcegos e camundongos! O bem-te-vi também tem a capacidade de pescar pequenos peixes e girinos, de maneira semelhante aos martins-pescadores. Os animais maiores são capturados com seu possante bico e mortos por insistentes batidas contra um substrato duro, para depois serem engolidos. Além disso, o bem-te-vi não recusa nossos alimentos e pode consumir arroz cozido, pão e ração para cães.
No entanto, o bem-te-vi quase nunca é observado em áreas florestais, a exemplo de amplos trechos de mata da Amazônia e mesmo no interior do Parque Estadual do Rio Doce ou nas matas montanas da Serra do Caraça. Fico imaginando que, ao contrário dos dias de hoje, o bem-te-vi deveria ser uma espécie rara na bacia do Piracicaba há 200 anos ou mais, já que a maior parte de nossa região era densamente coberta por florestas, talvez vivendo próximo aos maiores rios, em brejos ou em clareiras.
Apesar de ser um indicador de áreas modificadas pelo ser humano, o bem-te-vi é uma ave que nos enche de esperança, mostrando que algumas de nossas espécies nativas são capazes de se adaptar às duras alterações que impomos à natureza e que talvez serão as vencedoras da história de devastação de nossos biomas.